18 de maio de 2011

Em Dia de Vera Cruz...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
A Senhora do Pé da Cruz e o sê rico f'lhinho, pobrezinho, fêto num frangalho...


Im Monchique, no três de Maio, dia de Vera Cruz, inda se usa a ir à missa à Igreja do Pé da Cruz. E, este ano, isso dé-se, c'm' de c'stume. Ê cá fui lá más a minha Maria. E o Vergil Penusga tamém lá parceu. Mái só m' incontrí com ele já no fim daquilo tudo, qu' a famila era munta e a ermida nã é nada camposa.

Tamém, nã sê que jêto terem quái todos o mémo c'stume marafado de, à medida que vã chigando, im vez de se acomodarem lá p' à frente p' ô pé do altar, ficar tudo logo ali ô pé da porta. Ora, os que chegam ô fim, c'm' ê cá m' aconteceu, têm que f'car ali da banda de fora... Ô sol, à chuva e ô vento, consoante o tempo que faça, tá bom de ver...

D'zer a verdade, desta vez, panhí ali uma soalhêradanada nos cascos que chigô a pontos q' até cudava que já tinha os miôlos a fritar. E mái q' uma pessoa ingrilasse lá p'a drento, nã dava visto nada premode tar incandeado do sol. E, ôvir o qu' o senhor Prior diz, só espetando munto bem a orelha...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
A Vera Cruz, calhando, nã tem nada im ser esta...


- Olha o Vergil!... Atã tamém vieste à missa hoje? Mémo ô dia de semana?!...

- Que jêtes não?!... Foi semp'e mê c'stume vir a esta festa, nã havera de faltar agora que já tô fêto num caneco e, nã tardando, tarê qu' ir prestar contas ô Criador...

- Cruzes!!... Mái que conversa é essa, primo Vergil?!...

Saltô logo a minha Maria, toda chêa de cagufa, qu' ela inda é um coisinho mái velha do que ele e alembrô-se que a hora dela tamém nã havera de tar munto longe...

- Eh'q, ê cá semp'e gostí de vir à missa, mái dá-me uma grande paxão olhar ali p' à imaja da Nossa Senhora com o filhinho dela no colo, morto e todo chêo de feridas... Olhem, désna da pr'mêra vez qu' aqui antrí, faz mái de cinquenta e tal anos, f'quí com esta coisa na idéa...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
Em Dia de Vera Cruz, abre-se a porta da Senhora do Pé da Cruz...


- Mái, dêxando isso da mão, nôtros tempos, isto nã era assim só uma missazalha, ô fim da tarde, p'a mêa-dúiza de gatos pingados. Era uma festa c'm' devia de ser...

- Pôs era. Mái atão, isto os tempos tão todos mudados. E munta sorte temos a gente d' inda haver quasequer coisa...

- Lá isso é verdade. Mái c'm' à coisa vai, nã sê, nã sê... Já repàiraste c'm' é tão ali as paredes da parte de drento da Capelinha?

- Já vi, sim. Munto bem, até. B'larentas qu' até dá dó e o cafelo todo a cair... Mái nã vás sem reposta qu' isto já foi fêta há mái de 330 anos, mê belo amigo...

- O quem?!... C'm' é que tu sabes disso? Ó tás a querer antrar com-migo?...

- Olha àlém pr' àquela pedra p'r cimba da porta e logo vês o qu' é que diz lá...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
...e, quái ô solpostinho, há uma missa p'a quem quêra lá ir...


E nã é que diz mémo lá qu' a ermida foi fêta na era de 1680?... Aquilo custa-se a ler que, p'ra mim, é quái béque-me latim, mái foi um tal Afonso Anes qu' ê cá nã l'es sê d'zer quem ele era que mandô fazê-la e des qu' a pagô da alsebêra dele. Bendçoado!...

- P' à idade que tem, até que nem tá assim munto velha... Nã te parêce, Vergil?

- M't'ôbrigado... Já foi arrenjada q'ontas vezes despôs disso?... Até já l'e prantaram ali umas imajas fêtas de cera p'a l'e dar ôtros ares. Nã nas viste ali ô pé das janelas?

- Atã nã vi?!... A minha Maria prècurô-me s' aquilo tamém sariam do tempo antigo. Mái, despôs, é qu' a gente l'e descorreu qu' elas eram das qu' eles fazeram p' aí, o ano passado, na Semana Santa. P'a serem das deste ano, já tão assim um coisinho enravelhadas...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
Ac'modaram p'a lá umas estátuas de cera fêtas o ano passado...


- Sã do ano passado, sim, qu' ê cá sê que são. Elas tão assim tã enravelhadas nã sê s' é premode calor que panham ali no verão ó se do qu' é que é, mái uma coisa te digo, um destes dias inda derretem p' ali todas. A pomba até já tem a asa aberta...

- Atão, s' ela tá, béque-me, a querer voar, nã admira ter a asa aberta. As duas asas...

- Nã é isso, parente! Tem mémo uma asa esbrocada. Aquilo foi a cera que ressequiu e abriu uma fresta. Ó saria o artista qu' a fez que quis dêxar logo aquilo assim?

- Só-se!... Alguma vez o homem ia fazer uma coisa dessas?!... Atã, eles tão dejando é de fazerem tudo o mái bem fêtinho que possa ser e haver...

- Olá!... Isso é o que tu cudas... Inda ontordia hôve quem me d'zesse que lá no estrangêro tem havido quem faça mêa-dúiza de riscos num papel que ninguém sabe o qu' aquilo representa e despôs dizem qu' é um quadro do melhor e vendem-no p'r uma fortuna...

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz, Monchique
... mái, andam, andam, inda elas se derretem sem ninguém dar por ela...


- Isso é os estrangêros que sã todos parvos. Agora a gente que somos escretos, nã se dêxamos ir atrás disso...

- Pôs é. Somos tã sabidos, tã sabidos que tamos c'm' tamos...

E a conversa desandô p' ô lado da política. Qu' isto, agora, anda aí tudo enfluído com o falatóiro dos partidos. Uns que fazeram ôtros que nã fazeram, uns que fazem ôtros que nã fazem, uns que vã fazer ôtros que nã vã fazer. Mái esses assuntos nã são pr' aqui ch'mados.

E, atão, munta saudinha p'a todos e até à ôtro dia.

2 de abril de 2011

A Magnólia do Convento (Magnolia grandiflora)

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
A Magnólia do Convento béque-me 'tá vai nã vai...


- Ó c'pad' Jôquim, tenho andado im cudados premode àlém a Magnólia do Convento (Magnolia grandiflora). Olho p'ra ela e béque-me nunca a vi daquela manêra...

Isto era ê cá, uma tarde destas, lambareando com o mê compadre, os dôs assantados ali à sombra duma f'guêra, dêxando passar o tempo. À sombra, é c'm' quem diz, debaxo dela, que folhas inda nã as tem. E à míngua d' ôtro assunto mái jêtoso.

Ele, d'zer a verdade, até que havia ôtras coisas qu' a gente bem podia conversar, qu' isto agora, nã se fala senã na falta de dinhêro p'r toda à banda e ôtras parvoêras dessa coisa dos partidos e tal e tal, mái cá a gente os dôs nã se metemos nisso...

- Olhe, tamém tenho levado repáiro que se passa p' além quasequer coisa... O que é nã sê, mái qu' ela 'tá com munto má cara, lá isso 'tá.

Nesse entrementes, parêce o ti 'Verruma' - o parente Zé Caçapo - tamém sem nada p'ra fazer e todo fêtinho p'a vir sovinar a gente, c'mo é uso dele.

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
Os tróços mái grossos 'tã a f'car todos podridos. E folhas... pôcas já tem e bem amarelas...


- Logo agora qu' ê cá vinha de boa avêa p'a bober aí um calcesinho dela qu' o Parente Refóias t'vesse p' aí p'a dar à gente... Daquela qu' ele fez o ano passado... Nã é duma bagaja qu' ele, ás vezes, usa a dar, que nem se dá bobido... Nem sê d' adonde é qu' ele acareô tal abobraja...

- E mecêa que nã viesse logo à pida e com conversas estragadas... Nã trôxe uma garrafinha lá da sua premode quem? Ó tem medo de s' apresentar com ela?... Nã tem nada im ser pôco mái que frôxa...

- Ai frôxa!... Tomaram mecêas possuir um material daquela quôlideza... Tem vinte e um garantidos... P'ra más que p'ra menes!...

- Atã trazê-se-a p' à gente ver isso... Mái vocêa é mái fònica que sê cá o quem...

- Olhem, dêxem lá isso qu' ê cá digo já ali à minha C'stóida que traga uma garrafinha da minha e dê uma rodadinha à gente...

Saltô logo o mê compad'e Jôquim p'a atalhar a conversa, nã fosse a gente se marafar p' ali uns com os ôtros.

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
Inda nã há munto tempo qu' ela era assim. Foi na era de 2007. No mês de S. João...


- 'Tava, atão, a gente, munto bem sa senhora boa vida, a falar a respêto da Magnólia do Convento q'ondo o parente Zé se pôs aqui a matinar com o raça da aguardente... Mái nã l'es parêce que ela 'tá aqui 'tá despachada?...

- Nã me diga uma coisa dessas, home!... Uma arv'e daquelas com quái quatrocentos anos...

- Quatrocentos... é c'm' quem diz... O que 'tá àlém na tab'leta é mái de duzentos...

- Atão e quatrocentos nã é mái de duzentos?!...

- Nã se estique, parente, qu' as ciroilas sã curtas...

- Qual o quem?!... Semp'e tenho ôvisto d'zer que quem na trôxe da Índia foi esse tal imbarcadiço que mandô fazer o Convento e despôs-je-a àlém, nessa ocasião. Ora o Convento foi inagurado... Q'ondo é qu' ele foi inagurado, foi im...

- Nã sabe...

- Sê, sa senhora, más agora é que nã m' alembra... Foi, foi... Olhe, nã me vem o ano à mimóira, mái foi pôcos anos entes da gente se ver livres dos Filipes. Qu' isso sê ê cá munto bem...

- Pôs foi. Foi im 1631. Agora se a Magnólia foi ó não despôsta nessa era é qu' ê cá nã l'e sê d'zer...

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
Agora, olha-se p' às bandas do Convento e vê-se esta desfortuna...


- Que tenha sido nessa era ó que nã tenha, lá bem velha é ela. E até dá remorsos a qualquer um vê-la assim... S' esse tal Pero da Silva que a despôs voltasse, agora, cá e a visse naquela miséria, dava-l'e uma coisa, pobrezinho...

- Ora dava-l'e... E, más a más, qu' ele, 'tá bem qu' andava de barco, mái nã era p' aí um marujo qualquer, c'm' mecêa disse. O homem, p'ro jêto, representava ser lá o chefe daquilo tudo na Índia...

- Calhando... S' ele era o vice-rê, alguma coisa havera de mandar... Mái q'ondo se viu inrrascado no mar e aprometeu que, se escapasse, fazia o Convento, aí nã l'e servia de nada mandar...

- Olhe lá, parente Zé... Aí há uns quatro ó cinco anos, nã l'e tinha já caído uma grandessíssema pernada com o vento?... Tinha, nã tinha?

- Pôs tinha. Era quái do tamanho desta f'guêra. Sem tirar nem pôr...

- E ele des que hôve um que a foi lá serrar e carregô-a p'a fazer fogo im casa. Nã taria sido mecêa?...

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
Faz três ó quatro anos, inda dava gosto olhar p'ra lá...


- Olhe lá, cuda qu' ê sô dos seus ó quem?!... Ê só panho lenha adonde me pertence. E tenho lá munto p'r donde escolher nas minhas sobrêras...

- Nã se inzáine, parente Zé!... Ê 'tava só a prècurar...Mas aquilo, calhando, inda deu uma bela manchinha de lenha...

- Atã isso sabe-se...

- E nã l'es parêce que, se nessa altura, t'vessem fêto alguma coisa, nã tinha nada im, a arv'e, agora, 'tar nôtras condiçõs...

- Sê cá!... Ela já é tã antiga...

- Mái nã se tinha perdido nada im ter dado àlém um jêtinho àquilo, nã dêxarem andar àlém o gado a estrumar daquela manêra e a arrojar aquela terra toda p'ra baxo c'm' dêxaram... Já com o Convento é o mémo. Inda há-de cair dum todo...

- Olhem, mémo assim, inda tenho fé qu' ela vá arriba... Nã sê que jêto, mái tenho aqui uma coisa que me diz que sim...

- Vai arriba, vai... Ê nã vô é lá p'a debaxo dela, entes que me caia uma pernada daquelas im cimba do lombo e arrebente com-migo...

- Lá nisso nã dêxo de l'e dar os àméns. É preciso munto cudadinho nã vá um homem levar àlém uma tarôcada im forte...

Magnólia Multicentenária do Convento de Nossa Senhora do Desterro ou dos Franciscanos - Monchique (Magnolia grandiflora)
Des que tem mái de duzentos anos. Pôs tem. Calhando vêo da Índia há uns quatrocentos... É o que tenho ôvisto d'zer...


- Más ê cá, d'zer a verdade, o que me dá mái pàxão é ver o vivente más antigo cá da nossa zona desparcer. E sem tampôco a gente saber que moléstia é qu' ele tem. Inda más essa!...

- Ah isso é certo e sabido. Aquela arv'e é o vivente mái velho aqui desta serra toda. Nã tenho medo de d'zer...

- Só se aquela sobrêra àlém da Corte Grande ser inda más antiga. Sará?...

- Que jêto?!... Nã pense nisso!... Aquilo é uma sobrêra tamém munto valente, mái velha c'm' à Magnólia do Convento?!... Nã é nã senhora. Cudo ê cá...

De manêras que, o certo, o certo, é que a Magnólia do Convento 'tá com munto má cara e quem sabe lá o qu' é que se vai dar com ela. Más, agora, descorré-me aqui uma coisa da cabeça:

O amigo Pero da Silva nã sê se 'tá no céu se 'tá no inferno, mái cudo que 'teja no céu. O homem fez o Convento e despôs a Magnólia, bem morêce... E, atão, tendo lá pazes com Dés Nosso Senhor ó com um Santo daqueles que mandem qualsequer coisinha, bem podia meter lá um empenho p'a ver se a Magnólia inda nã ia desta.

- Faça isso, mê belo amigo Pero da Silva!... Fale aí com quem munto bem l'e dê jêto e nã dêxe a gente f'car sem a nossa Magnólia que mecêa despôs logo prebaxinho do Convento...

E vomecêas fiquem-se com Dés e até qu' a gente se veja.

17 de março de 2011

A VI Corrida Fotográfica de Monchique. Cá a do Parente...

VI Corrida Fotográfica de Monchique
Vai um calcesinho dela?... Esta aqui prantí-a no tema 'Gastronomia'


Antrô na Sexta Corrida
de Retratos de Monchique
voltô de cara caída
sem nada qu' o just'fique

nã ganhô prém'o nenhum
foi béque-me um desperdiço
e anda p'r'í um zum-zum
que ficô inzainadiço

foi p'ra lá fazer o quem
ia a filmar quái de gatas
nã vale nem um vintém
vá más é cavar batatas...

ó atão, p'a devassar
assome-se à exposição
dos que sabem bem tirar
retratos de eleição

VI Corrida Fotográfica de Monchique
O homem descascando a maçaroca antrô no tema 'Profissões'...


Vejam só bem, mês belos amigos, o qu' o grandessíssem'ô estapor do Tóino Emilo - o 'Moita' l'e chamam, premode o homem ser narcido e criado na Desmoitada - nã m' havera de fazer!... Tã penas l'e chigô ôs ôvidos qu' ê cá nã tinha ganho coissíssema nenhuma na VI Corrida Fotográfica de Monchique, arrenjô logo estas quadras. Calhando, só p'a m' inzucrinar. Que lá gozão é ele...

P'r menes, foi o qu' o Zé Manel, o filho do mê compad'e Jôquim do Barranco, me contô. Qu' ê cá, d'zer a verdade, désna d' há umas duas ó três semanas - p'ra más que p'ra menes - que nã no vejo e inda nã l'e falí no caso. Más, em o incontrando, logo l'e digo umas q'ontas. E daquelas qu' os cãs nã gostam!...

- Olha!... Nem d' aprepósito... Àlém vem ele todo limpêro... 'Pera aí qu' ê já l'e digo!...

Salta, logo, a minha Maria:

- Vê lá o qu' é que fazes pr' aí!... Nã ofendas o homem... Olha que nã se sabe se foi ele...

- Ai nã se sabe... Atã o Zé Manel nã me contô?!..

VI Corrida Fotográfica de Monchique
Os castanheiros a dêxarem cair as folhas todas p'ra donde é qu' haveram d' ir? P'ô tema 'Outono', 'tá bom de ver...


- 'Tejam p'r 'qui com Dés, famila. Atã o qu' é que se fazem?...

- Ora qu' é que se fazemos... Pr'àqui vamos...

Ramordí ê cá entre dentes, um coisinho, assim, com más modes, im reposta à conversa do Tóino. E ele, béque-me sintiu a ferroada, fez assim uns miécos de quem estranhô quasequer coisa. Más a minha Maria, sempre a querer atamancar tudo, falô-l'e, logo, munto bem:

- Venha com Dés, ti Tóino. Atã c'm' é que tem passado? Já há um belo tempo que nã par'cia... Mái nã foi p'r mal?...

- Olhe, nã tem calhado... Mái, graças a Dés, nã tenho rezão de quêxa. Lá p'ro mê monte a coisa nã tem 'tado mal, nã senhora...

Ramordí ôtra vez, mái, agora, só cá p'ra mim:

- Adés minhas encomendas!... Queria-l'e dar uma desanda, c'm'é qu' ê cá vô-me fazer isto agora?... A minha Maria meté-se logo de premêo...

Mái, vêo-me assim uma rabeada ô de cima, digo-l'e, com os mémes más modes:

VI Corrida Fotográfica de Monchique
Esta, nã sê se fiz bem se fiz mal. Puse-a no tema 'Caminhadas'...


- Atão e que tal de versos?... Des que têm andado p'r 'í a correr uns a mê respêto... Calhando, já passaram lá p'ro sê monte. Ó abalariam de lá...

- O qu' é que mecêa me diz, ti Refóias?!... Nã sê de nada... Fazeram-l'e pr' aí alguma belareta?

- Nã sabe?!... Atã quem é que usa a tirar versos aí, p'r tudo e p'r nada, a isto e àquilo? Sô ê cá?...

- Ê cá tamém não... Só pr' aí uma vez ó ôtra, já faz munto tempo, é que fiz umas coisalhas. Mái tudo sem emportãinça... Agora tirar-l'e versos a si, isso nem pensar!...

Ora nem pensar... Nã foi ôtro senã ele... Ê cá é que nã me podia adiantar, qu' o Zé Manel contô-me aquilo debaxo dum grande segredo... Mái, méme assim, inda voltí ô assunto:

- Atã se nã foi vomecêa, que jêto uma criatura me ter contado que mecêa sabia, já há uns belos dias, quem é que tinha e quem é que nã tinha ganhado os prém'os daquela Corrida de Retratos que 'tá agora lá no 'Espaço Jovem' p'a ser vista?

- E o qu' é qu' isso tem, ê cá saber uma coisa dessas? Ó ê m' ingano munto ó anda aí a manita do Zé Manel, ali o filho do sê compadre Jôquim do Barranco...

 VI Corrida Fotográfica de Monchique
Esta aqui, atão, nã tem nada que saber. Foi p'ô tema 'Religião'...


- Nã 'teja já com palpites, qu' ê cá contí-l'e o milagre mái nã l' alomií o santo... O Zé Manel nã é p' aqui ch'mado... Ê só gostava era de saber quem é que me tirô aqueles versos...

- Olhe, tamém ê cá... Mái lá qu' eles 'tão fêtos ô consoante, lá isso 'tão... Mecêa nã f'cô assim um coiseco infèzado dos ôtros todos l'e terem tirado a palhinha?... Atã, pronto...

- Qual infèzado nem mê infèzado!... Isso foi vancêa qu' enventô tudo e pôs lá nos versos... Se nã fosse perquem, ê logo l'e d'zia... Cuda qu' ê que sô ceguinho e nã vejo logo que foi vomecêa?!... Nã têm mái nada que fazer, metem-se na vida dos ôtros...

- Ó ti Refóias, nã se marafe, home. Atã mecêa nã tem p'r c'stume l'e dar assim essas gavierras e agora 'tá aí pior que escamungado premode uma coisa que nã vale nada?...

- Ai que nã vale nada!... Mecêa gostava que l'e tirassem uns versos destes, a fazerem pôrra de si desta manêra? Gostava?... Diga lá se gostava, hom?..

- Atã nã havera de gostar?... Se fosse nestas condiçõs, gostava...

- Já 'tá a fazer cachamorra de mim ôtra vez?!... Já nã basta o que basta?!...

VI Corrida Fotográfica de Monchique
P' ô tema 'Lazer', arrenjí esta...


- Nã se inzáine más qu' ê conto-l'e a verdade, ti Refóias. Mái nã se parêça mal... Isto foi só uma parte qu' ê cá e o Zé Manel l'e fazemos. Sem ser p'r judêria... E ninguém sabe do caso a nã ser a gente.

- O quem?!...

- Sa senhora. Combinamos-se os dôs, ê cá fiz os versos e ele vêo-l'e contar c'm' se fosse uma coisa que andasse já p'r 'í na boca do mundo... Mái foi só p'ra gente fazer aqui um coisinho de galhofa consigo e incher-se o papinho a rir.

- À minha conta!... Ê nã l'e acho graça nenhuma...

- Agora, veja lá se vai logo amostrar isso a alguém...

E, nisto, parêce o Zé Manel às carcachadas d'rêto a mim. Atã nã é qu' os mariolas vinham combinados e ele f'cô ali à ponta da casa a ôvir a conversa toda?!... E ê cá fui naquilo que nem um parvinho... Mái c'mo eles sã boas pessoas, lá f'camos amigos ôtra vez.

E mecêas nã liguem ôs versos qu' o Tóino 'Moita' tirô qu' aquilo foi só p'a se meterem com-migo.

Querendem ver o resto dos retratos qu' ê cá tirí, acalquem aqui na Galeria da minha VI Corrida Fotográfica de Monchique e vejam à vontade.

E vão tamém lá ô 'Espaço Jovem', ô pé da Junta de Freguesia de Monchique, ver a Exposição qu' é p'a saberem o qu' é bom im retratos de Monchique. E é melhor nã s' atrasarem munto qu' aquilo acaba já no dia 25 deste mês...

E Dés l'e dê saúde a todos. E pacência p'a m'aturarem.

15 de janeiro de 2011

Em 'Noite de Reis' tamém se cantaram as 'Janeiras'

Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Jolda 'Os Amigos da Fóia'
'Os Amigos da Fóia', fardados com o sê boné deles, nem sê o que l'es diga... Sã do melhor que possa ser e haver...

Inda agora aqui ch'guí
já l'es vô a prècurar
se 'tão bonzinhos de saúde
dã l'cença d' ê cantar...

- Ó parente Zé, cantar o quem?!... Isso foi ontem à nôte. Hoje já é Dia de Rês e, daquem nada, é solposto...

- E quem é que l'e diz o contráiro?... Sará de caso qu' ê cá já nã possa arremedar aqui um coisinho daquilo qu' eles cantaram, a noite passada, lá no café da Fonte dos Chorons?...

- Poder, pode. Mái que mechas de estilo é esse que mecêa usa qu' até faz cocégas nas orelhas duma pessoa?!...

- Lá sabe vomecêa um estilo melhor... Cante-o lá qu' ê cá semp'e gostava de ver. Vá, parente Jôquim, vá. Mostre lá a sua virtude!...

Isto era a conversa do parente Zé Caçapo, o 'Verruma' l'e chamam, com o mê compadre Jôquim do Barranco, em Dia de Rês, os dôs afincados a bober uns copinhos ali no café de cima, já im mêa tarde, qu' é que me quem diz, quái à noitinha, qu' isto, agora, os dias nã sã nada. Tã penas o sol c'meça a decer, assim se põe, im menes dum foguete.
Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Jolda 'As Figueirinhas e Os Amigos da Figueira'
Lá de baxo, do Algarve, vieram 'As Figueirinhas' e 'Os Amigos da Figueira'. Que bela jolda...

P'ro jêto, tanto se faz um c'm' o ôtro, tinham ido, na ôtra noite atrás, ver as joldas que vieram ali ô Restairante da Fonte dos Chorons cantar os Rês. Os Rês e as Janêras, qu' isto, agora, já a famila nã 'tá p'a se dar ô trabalho d' andar aí de porta im porta a cantar tal coisa, na passaja do ano e na nôte de rês, ás tensas de l'e darem um convindado que vá nem venha... E atão, fazem tudo pre junto.

Ora, a Junta arrenja manêra da famila s' ajuntar ali no dito restairante e, quem quêra, dá o nome e vai lá cantar. Aquilo, com jêtinho e nã dêxando a coisa munto p' ô fim, c'm' ê cá fiz desta vez, inda se panha uma f'lhòzinha p'a dar ô dente e um calcesinho de melosa p'a alimpar as goélas. Premode, tudo dado p'r a Junta. E fazem eles munto bem. Que nunca l'e dôia as manitas...

Pôs ê cá tamém fui lá este ano. Mái fui sòzinho qu' a minha Maria nã teve jeto de largar o monte e f'cô im casa nã sê se dando pontos ó fazendo ôtro governo quasequer. Ô certo, ô certo, é qu' ê cá, quando chiguí a casa, já bem de madrugada - era quái uma hora, nã cudem... - já ela 'tava, munto bem sa senhora boa vida, espatarrada im cimba da cama, a dromir, com a televisão num barulho parvo. Mái, em ela tendo sono, nem que passe o comboio...
Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Jolda da Ludoteca
Os meçalhos da Jolda da Ludoteca tamém já cantavam qualquer coisinha. E tava lá uma mecinha qu' era munto ingraçada...

E, vai daí, até que aquilo foi uma coisa qu' ê cá gostí. Más olhem que gostí ô bem fêto. Par'ceram lá umas joldazalhas de mecinhos e tal... qu' uma pessoa já sabia que nã era coisa pr' í àlém, más é bom qu' é p'a ver s' os nôvos nã dêxam perder estes c'stumes qu' a famila tinha nos tempos dos avózes deles - que sô ê cá e ôtros c'mo eu.

Mái tamém par'ceram lá ôtres, mormente duas joldas, que eram de ver e chorar p'r más. Olhem, uma vêo da Figuêra, lá de baxo, do Algarve. Tinha duas joldas juntas. Uma de m'lheres, ôtra d' homens. Foi uma coisa da pontinha da orelha!... Dava gosto, mês belos amigos. Assim, sim!... Chemavam-se 'As Figueirinhas e Os amigos da Figueira'.

A ôtra, era de cá. Sã 'Os amigos da Fóia'. Ah môces marafados!... 'Té se m' arrepiaram os cabelos... Desataram a cantar 'Os Rês' - qu' eles, atão, nã cantaram 'As Janêras' - nunca tinha visto uma coisa assim. Os apontadores eram do melhor, os foles eram uma classe, o estilo era do antigo, e os cantadores cantavam que nem passarinhos... E, nã cudem, tinham farda. Traziam todos de boné igual...
 Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Uma filhó caseira
Com um boné destes, uma f'lhó que nem um capacho e ôvindo joldas a cantar 'Os Rês', quem é que nã há-de 'tar sastefêto...

De manêras que, c'm' ê cá já falí lá atrás, com aquela enfluêinça de ver tudo munto bem sem perder coisíssema nenhuma, f'quí sem f'lhó. Uma mecinha que 'tava lá à porta da antrada, q'ondo ê cá chiguí, bem me deu um papelinho e disse-me assim ô ôvido:

- Em l' apetecendo, apresente-se ali ô balcão com este papelinho qu' eles dã-l'e uma f'lhòzinha e um copinho de qualquer coisa. É p'r conta da Junta...

- 'Tá bem - disse ê cá - e Dés l'e pague m't'agradecido.

E f'quí-me a lember, uma preçanada de tempo, semp'e com o fito na f'lhó e no tal calcesinho dela. Qu' ê cá, atão, béque-me melosa nã gosto munto. Isso é bobida mái de m'lher. Agora, um calcesinho dela, da boa, isso cai que nem ginjas!...

Mái q'onto mái me lembia, mái perdia... Ê cá havera era de ter ido logo tratar do caso. C'm' nã fui, barimbí-me... Im vez disso pus-me a bispar tudo de fio a pavio... atrás duma jolda vinha ôtra, ora... q'ondo dí p'r mim foi já no fim, já 'Os Amigos da Fóia' lá iam p'ra rua afora e ê cá atrás deles. Aí vê-me a f'lhó à idéa, abalí a fugir ô café, cheguí lá todo escalfado e prècuro à mecinha que 'tava do lado de drento do balcão:
 Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Jolda do CNE e Guias de Portugal
O CNE e as Guias de Portugal apresentaram-se com esta jolda. Dá gosto ver qu' os nôvos tamém aprecêam estas coisas...

- Menina, atã inda há p'r 'í uma f'lhòzinha cá p' ô Parente?

- F'lhós?!... A uma hora destas?!... Ai, Parente, tenha pacênça mái já nã há nada disso... Atã, agora é que vem?!...

- Olha que cachamorra esta... Atã ê cá cudava que, em tendo uma senha destas na mão, f'cava semp'e aí uma f'lhòzinha gôrdada p'ra mim...

- Põs era p'a 'tar... Mái, atão, a uma hora destas, o qu' é que mecêa quer... Méme que t'vesse sobrado alguma, já a gente tinha qu' a ter jogado p' ô balde das lavaduras...

- Nã me diga que jogaram a minha?!...

- Alguma vez?!... Onde sará qu' ela vai a estas horas... Calhando, já 'tá até desmoída e tudo...

- Ai a minha pôca sorte!... Minha bela f'lhòzinha... Atã s' ê cá sabesse disso, nã tinha vindo logo aprevêtá-la assim que chiguí?!...

- Atã, pronto. À ôtra vez, já sabe. Nã se ponha a pôco qu' é p'a nã dar nisto. E tome lá uma calcesinho de melosa p'a nã perder tudo...

- Melosa?!... Nã pode ser de madronho, menina? É qu' a melosa é ruim p' ôs diabêtes. Qu' ê cá, graças ô D'vino Pai, nã tenho tal mal, mái quero-me furtar a ele...

- Atã, vá lá um copinho d' aguardente...

E lá me deu um copinho. E, d' agora im diante, mês belos amigos, nunca mái caio nôtra. Tã penas lá chegue, passem p'ra cá o que me acabedar...
 Noite Reis e Janeiras, em Monchique - Jolda Improvisada
Estes meçalhos nem nome tinham. E tamém nã cantavam nada que d'zesse benza-te Dés. Mái que eram bem caçados, lá isso eram...

Mái dêxando isso p'a trás das costas e desquecendo uma desfortuna tã grande que foi um homem f'car sem f'lhó em Noite de Rês - vá lá, vá lá qu' inda panhí o tal calcesinho dela - semp'e l'es digo que coisas destas - alembrar os nossos usos e c'stumes - nunca se deviam d' acabar.

E, isto, agora, é só uma conversa. De parvo, 'tá bom de ver... Mái, cá p'a mê gosto, inda gabava de ver a nôte de rês sem aquela aparelhaja que 'tava lá no café. As joldas a cantarem c'm' nôtros tempos. Sem alte-falantes, nem nada. Tenho cá p'ra mim, qu' era melhor... Mái a Junta é que sabe.

E tamém gostava de ver o qu' é qu' 'Os Amigos da Fóia' eram capazes de fazer se t'vessem um a'xilozinho da Junta ó da Cambra p'a nã dêxarem este c'stume das janêras e dos rês levar sumiço. Nã era preciso grandes coisas. Mái, c'm' a senhora Presidenta já me disse qu' ia pensar no caso, posso dromir im sossego.

Agora, ôtra coisa. Ê cá tirí p'a lá uns retratos e uns videozalhos. F'cô tudo uma prequêra, que, à uma, o artista é fraco, e, à ôtra, 'tava tudo munto pertado e às 'scuras. E, agora, inda pre cimba, há uma remessa de dias qu' ê cá ando a ver se dô posto aquilo no YouTube e o YouTube béque-me nã quer arreceber tal coisa.

De manêras que, vô-me pertando com esse tal do YouTube a ver se dô fêto alguma coisa dele, e, tã penas tudo 'teja arredondado, logo ponho aqui as ligaçõs p'a mecêas darem ido lá ver.

Os retratos já nos podem ver. Acalquem aqui na Galeria da Noite de Reis, fazendem favor.

E f'camos p'r 'qui. Passem todos munto bem, com um ano intêro chêo de saúde e ôtras coisas boas e até qu' a gente se veja.

* * * * * * * * * * * * * * * *

Quái duas semanas despôs, mémo já sendo sopas despôs do jantar, aqui vai a ligação p' ôs 'videos':

'Videos Refóias do YouTube'

Ó, atão, vejam logo este sem ter que lá ir:



19 de dezembro de 2010

O Jornal de Monchique faz anos

O Jornal de Monchique faz 25 anos
Atã nã é qu', ôs 25 anos, o Jornal de Monchique já saíu 327 vezes cá p'ra fora?!... E 'tá p'a durar...


'Tive aí num certo sito com a minha Maria e, isto, as m'lheres, já se sabe c'm' é qu' elas são. Nã há coisíssema nunhuma qu' elas nã dêem notiça. De manêras que trôve logo uma nova p'a me dar, tã penas chigamos ô monte.

Nã é que seja coisa do ôto mundo, mái, d'zer a verdade, tem que se l'e diga. É qu' o Jornal de Monchique, chigando ô dia 21 deste mês, faz anos. E já tem uma bela conta, nã cudem... P'ro jêto, des que são já vinte cinco.

- S' acuaso isso é assim c'm' tu dizes, Maria, é certo e sabido qu' o chefe lá daquilo nã dêxa perder um atopo desses sem fazer uma festa de tôd' ô tamanho...

- Atã, e nã é caso p'ra menes. Já tenho ôvisto falar qu' ele parceram por 'í muntos jornás, daqueles que fazem lá im Lisboa e nôtras bandas, que nã duraram esse tempo todo...

O Jornal de Monchique faz 25 anos
Tôdes meses, cá vem ele. Nunca falha...


- Calhando...

- E sará qu' ele, lá o chefe do Jornal, s' alembrará cá da gente? P' a s' ir tamém à função...

- Nã querias mái mel texugo?!... Logo, que o qu' ê cá tenho ôvisto é que o Jornal nã tem lá grandes posses p'a coisas dessas, e, despôs, que, mémo que t'vesse, o senhor dôtor Zé Gonçalo nã no ia consumir com a gente. Atã assim, ia a famila aí toda de Monchique...

- O senhor dôtor Zé Gonçalo?!... Atã é ele que manda lá naquilo?...

- Cudo que sim. P'r menes é o que diz no Jornal: 'Director: Nobre Duarte'...

- Olha!... E ê cá a cudar que era o ôtro senhor dôtor, tamém da méma farmácia...

- Quem? O senhor dôtor Zé Manel?... Esse, béque-me, tamém manda lá bem munto, sim...

- Atã isso sabe-se... Já rapairaste quem é que escreve sempre, logo na sigunda lauda, umas coisas daquelas que têm que se l'e diga? Eles, se nã 'tô atribuído, chamam-l' 'editorial' ó uma coisa assim...

- Mái, nôtres tempos, béque-me nã era ele. Calhando, ora é um, ora é ôtro...

- Dos que mandam, em dôtores, só falta o senhor dôtor Paulo Rosa, qu' o senhor Carricinho, cudo ê cá, nã é tal coisa...

- Pôs não, mái sabe mái que muntos... Foi ele que insinô parte dos que, agora, sã dôtores. Essa é qu' é essa!...

O Jornal de Monchique faz 25 anos
Mal se vê, mái 'tá ali a famila toda que faz o Jornal de Monchique...


'Tava ê cá e a minha Maria, sa senhora boa vida, no mêo desta conversa, logo pracàzinho da casola dos coelhos, soô, parêceque, uma rasmalhada ali p' trás dumas tôiças. Calamos-se e vá de s' ingrilar p'a lá a ver o que era.

Ora o que era. Era o 'Lanzudo'... O 'Lanzudo' é o canito do mê compad'e Jôquim do Barranco, um b'chinho, aquilo que se pode ch'mar uma coisa bonita. Todo branco, todo cabeludo, azedo do pior em 'tando ô monte, e nã pode ver nada mexer que joga-se logo.

E s'o 'Lanzudo' 'tava ali, era qu' o dono - ó a dona... - tamém nã 'tariam munto desviados. Bem dito, bem fêto, assim chigaram logo os dôs atrás dele.

´Tejam com Dés, venham com Dés, c'm' é 'tão, c'm' é que não 'tão, lá se falamos todos c'm' é dado. Volto-me ê cá p'a eles os dôs:

- 'Tava-se a gente aqui a falar qu' o Jornal de Monchique já há vinte cinco anos que começô. Vejam lá c'm' o tempo passa a fugir. Parêce que foi ontordia...

O Jornal de Monchique faz 25 anos
Faz uns tempos, nã sê o qu' é que l'es deu, desataram a pôr aqui as patacoadas do Parente da Refóias...


- Tó, diacho!... Já vinte e tal anos!... Pôs ê cá, mémo nã sabendo ler quái nada, arrecebe-o désna do prencipo. Gosto de saber aquelas coisas. E a minha C'stóida tamém...

- Sim tamém vejo quái sempre os retratos da famila que morreu e isso tudo...

- Atã e nã tem lido tamém aquelas patacoadas cá do Parente da Refóias qu' eles, faz uns tempos, desataram a pôr lá?

- Ê cá nã tenho vagar pra isso, compadre... Vejo os retratos e já é munto. O qu' é vomecêa cuda?... E p'a ôvir as suas patochadas nã tenho precisão de ler o Jornal de Monchique. É só vir aqui e ôvi-lo falar...

Aí, calí-me, qu' a minha c'madre C'stóida nã vinha de munto boa avêa e nã fosse a gente impinar p' ali os barretes.

Mái, voltando ô Jornal de Monchique, indo gostava dele fazer más ôtros tantos anos e ê 'tar cá p'a ver. Ah isso gostava! E s' isso nã se dar, tenho a firme certeza que nã é p'r o Jornal ter desparcido. Ê cá é que já fui fazer uma viaja só com bilhete p' à banda de lá...

Parabéns ô Jornal de Monchique e à famila qu' o tem fêto désna d' há um q'ortêrão d' anos até agora. Aguentem-no até o mê-cento, p'a nã pedir, logo, até ô moio.

E Dés l'es dê saúde.

3 de dezembro de 2010

A Galeria de Santo António nã se nega ô puxo...

Exposição Retrospectiva Rui André na Galeria de Santo António - Monchique
Im Ôtubro, foi o Sr. Presidente Rui André qu' amostrô os sês lindessíssemos trabalhos dele...


A Galeria de Santo Antóino, agora, dé im pôr lá desenhos, bonecos, retratos e coisas assim p'a toda a gente ver, que nã se passa quái mês nenhum que nã parêça quasequer coisa de novo. É c'mo ôtro que diz, 'dé-l'e p' ali e nã se nega ô puxo'...

Agora o que mái me dêxô imbasbacado foi que, aí em prencipos do mês passado - ó saria inda entes do Banho do Vinte Nove, nã m' alembra bem - arrecebi um convite, lá p'r mêo daquela coisa que 'tá agora munto na moda - o Facebook - p'a m' apresentar lá, num certo dia, premode uma inaguração.

Mái nã cudem. Nã era uma inaguração p' aí dum artista qualquer... Logo, até béque-medí bem p'r ela, mái a minha Maria, que nã dêxa passar nada, q'ondo ê cá l'e li aquilo im voz alta, voltô-se p'ra mim, toda munto pespeneta:

- Rui André?!... Foi Rui André que tu d'zeste? Olha lá, atã isso nã sará o Presidente da Cam'bra? Ó home, olha que nã tem nada im ser ele mémo... Rui André, Rui André... Nã dô p'r haver aí mái ninguém com esse nome... Lê lá ôtra vez...

Exposição Retrospectiva Rui André na Galeria de Santo António - Monchique
E falô um belo pôco p'a quem l'e quis ligar. E era-se uma bela manchinha deles, nã cudem...


Ê cá, assim de mimento, f'quí um coisinho insarampantado, que nã 'tava a contar. E tamém, parvo, nã li logo aquilo tudo até ô canto de baxo. Que, s' ê cá t'vesse lido désna do prencipo até ô fim, 'tava tudo logo lá d'zendo... Qu' era o Senhor Presidente da Cam'bra de Monchique, um moço inda assim p' ô novo, que nã há ôtro nas Cam'bras todas com menes anos, que gosta munto daquelas coisas da arte, e más isto e más aquilo, e coisa e tal...

De manêras que, a m'lher terminô, logo ali naquele mimento, c'm' é qu' as coisas haveram de ser. A pr'mêra foi que chovesse ele ó qu' aventasse, nã passava sem ir lá nesse tal mémo dia da inaguração. E, em ela pondo uma coisa à idéa e d'zendo, tenham a firme certeza qu' é assim que tudo se vai dar...

Más a más, qu' aquilo, p'ro jêto, prantam sempre lá alguma coisinha p' a dar ô dente. E p'a molhar o bico tamém. E, aí, já nã é só ela que 'tá ent'ressada. Tamém ê cá 'tô... E quem é que nã 'tá, ham?!...

E, d'zer a verdade, foi-se os dôs e a coisa passô-se tal e qual c'm' 'tava pensada. E p'ro jêto qu' ê cá vi lá na famila toda, f'cô tudo imbêçado com o que lá viram. Foi retratos do melhor, foi desenhos, foi tudo...

Exposição Colectiva 'Amália Meu Amor' na Galeria de Santo António - Monchique
Com respêto à Amália, hôve quem d'zesse logo: "C'mo isto nã há..." ...


Passado um mês, eles ôtra vez de roda de mim e da minha Maria p'a s' ir a ôtra inaguração lá no mémo sito... E com respêto ô quem? Desta vez, li logo tudo e fui ê cá que disse, de rompante:

- Olha, Maria, agora temos ôtra. E vamos tamém!.... É da Amália Rodrigues, m'lher!...

- Da Amália?!... Que bela lembrança qu' eles t'veram!... Ai s' ê cá gosto d' ôvir a Amália... E a c'madre C'stóida tamém de perde p'r ela.

- Mái que conversa é essa, Maria?... Bem sabes qu' a m'lher já morreu faz mái de dez anos. Aquilo vai ser uma coisa p' à gente s' alembrar dela.

- Atã e nem tampôco põem lá umas cantigas dela?... Uns fadinhos, uma coisa assim?!...

- Ah, isso, calhando, põem. Nã digo que nã ponham, nã senhora... Ô méme tempo qu' uma pessoa vê os quadros, vai-se ôvindo umas modas. É de c'stume eles pôrem música im quái tudo, tamém nã há-de ser desta vez que nã põem...

E puseram. Puseram, qu' a gente foi-se lá os dôs e más a c'madr'e C'stóida e, ainda s' ia a assubir as escaidas da antrada, já ele soava p'ra lá p'a drento a Amália a cantar um fado qu' era um consolo.

Exposição Colectiva 'Amália Meu Amor' na Galeria de Santo António - Monchique
Ajuntô-se um poder de famila na inaguração...


Mái uma coisa l'es digo ê cá. Até f'quí quái abismado com o que lá vi. Logo, qu' as coisas que lá 'tavam p' à gente ver tinham que se l'e d'zesse, e, depôs, a chusma de famila que lá s' ajuntô p'a ver aquilo.

E isso tanto se faz da pr'mêra vez, q'ondo foi o Senhor Presidente a apresentar as suas coisas dele, c'm' da sigunda, qu' eram p' aí coisa duns vinte artistas, perto ó certo, todos a amostarem qualquer coisa que fazesse a Amália Rodrigues vir à nossa mimóira.

E, p'ro jêto, inda lá 'tão!... Qu' ele des que aquilo vai durar até p'rô ano que vem. Na 'Agenda de Monchique' vem d'zendo que só acaba no dia nove de Fevrêro, vejam lá! Dá bem tempo p'a ninguèm se poder quêxar de nã ir lá. Qualquer um, querendo, vai. Inda p'r cimba, nã se paga nada, que, na Galeria de Santo Antóino, é tudo d' amor em graça.

E nã l'es parêce bem assim? A mim parêce-me. E à minha Maria tamém. Já o ti Zé Caçapo, aquele mê parente que tem o anexim do 'Verruma', que tamém lá par'ceu mái nã aprecêa nada daquilo, cuda que não. P'ra ele, aquilo devia de ser de paga à antrada:

Exposição Colectiva 'Amália Meu Amor' na Galeria de Santo António - Monchique
Ele até havia quem f'casse um belo pôco im frente de cada desenho...


- Atã isto tem algum jêto, agora, a Câm'bra 'tar a gastar, todos dias aqui uma remessa de d'nhêro só p'a esta estrangêrada vir aqui se fazerem d' emportantes?!...

Esta conversa passava-se cá fora, ô pé da porta da rua, qu' ê cá e a minha Maria tinha-se vindo cá fora panhar ar e o ti Zé Caçapo, chigô naquele mimento, já atrasado, c'mo é uso dele.

- Qual o quem, primo Zé!... - d'zia-l'e a minha Maria.

- Ai qual o quem...

- A Cam'bra nã gasta quái nada com isto. Foi méme o Senhor Rui André, o Senhor Presidente, que me disse. A Cam'bra só dá a casa, o resto é com os que organizam a exposição. Atã e diga lá, isto é só estrangêros?!... Ê cá o que vejo ali é tanto estrangêros c'm' famila de cá. Assome-se lá bem ali p'a drento...

Ele assomô-se. Olhô, olhô e lombrigô aquela menza qu' eles usam a pôr lá com uns comes e bebes, coisa pôca, mái, c'm' ê cá disse logo no prencipo, semp'e se molha o bico e dá-se um coisinho ô dente. Aí o homem mudô logo de fêção.

Exposição Colectiva 'Amália Meu Amor' na Galeria de Santo António - Monchique
Em 'tandem pôcos a ver, aprecêa-se melhor...


À uma, que 'tavam lá umas garrafas de vinho branco que ele atribuíu que sariam de madronho, qu' é o qu' ele gosta más, e, à ôtra, que tamém viu logo que nã era só estrangêros que lá 'tavam.

E isto p'a nã falar do garreão qu' ele ôviu da minha Maria, logo a seguir, premode ter antrado assim, de rompante, caminho dos comes e bebes. Nem falô a quem lá 'tava, jogô-se a c'mer de tudo o que viu im cimba da menza e bobida foi até mái não. A m'lher f'cô méme inzainada...

Más isso, agora, nã enteressa. O que l'es posso d'zer é que, aquilo, 'tão lá coisas que nã se podem perder de ver. Méme quem ande com o governo munto impeçado, qu' isto, neste tempo, já anda tudo a afêçoar o sapatinho p' ô Dia de Festa, nã dêxe de tirar uma bêradinha de tempo p'a dar lá uma fugida. Despôs, nã digam qu' ê cá nã nos avisí...

E, querendem ver videos e retratos do que se passô lá, acalquem aqui na Galeria dos Vídeos do Parente da Refóias ó nas Galerias da Exposição Retrospectiva Rui André e da Exposição Colectiva Amália Meu Amor.

Os videos tamém 'tão logo aí prebaxinho. É só acalcar im cimba deles.

E até qu' a gente se veja.













13 de novembro de 2010

O Magusto de Marmelete - 2010

Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
Os magustos c'meçam inda a famila nã chigô toda...


A gente aqui tem-se p'r c'stume fazer os magustos no pr'mêro de Novembro, Dia de Todos Santos. Nã sê que jêto, nas ôtras terras todas p'r'í' fora, só dia de S. Martinho é que s' alembram de fazer tal coisa. Calhando, é premode eles acompanharem as castanhas com aquela bobida, munto deslavada, que tem memo o nome com ela: água-pé.

Más o qu' eles nã sabem é que com uma castanhita assada calha bem é um calcesinho de madronho, nã é aquilo. Inda p'r cima, num tempo destes, que já faz um belo frio, ir bober água-pé, uma coisa que nem dá p'a um homem aquecer... Isto p'a nã falar im coisa pior ainda... É que se calha a barriga duma pessoa a nã acêtar bem aquela morraça, um f'lano inda s' afitura a l'e dar, com l'cença da palavra, alguma borrêra...

Uma ocasião, isso dé-se aí com um amigo, munto graganêro, que foi a casa dum parente dum compadre dele e, pro jêto, tinham lá um barril de vinho, inda fêto de pôco tempo, por incetar. Ora, o ôtro, nã sê se já por judêria ó nã sabendo bem o que fazia, foi abrir essa tal vasilha e infiô-l'e p'a lá com umas copadas valentes.

Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
Em o vento pertando, é uma zorrêra que nã se vê quái nada...


O vizinho Manel Mansinho - nã queria alomear o nome, mái agora já disse, pacência... - munto graganêro c'm' ê cá já disse, nã negô carga. Ora, nã é qu' ê cá quêra d'zer qu' ele vêo de lá munto escorvado, qu' o homem des que àguenta munta bobida, mái, inda vinham a mê caminho de volta, t'veram logo qu' aparar o carro, lá num certo sito, p'a ele se governar. E, tã penas chigô a casa, aquilo era de tornêrinha... Mái, nã cudem, andô quái perto duma semana de sôltura...

E quem me contô isso tudo foi méme a m'lher dele, a ti Zabel Carrusca, passados pôcos dias do caso se dar. A m'lher - dizem... qu' ê cá nã me meto nisso... - é malina do pior, inda 'tava toda infèzada com aquilo, descosé-se a contar tudo, qu' ela nã gosta nada qu' ele beba. Máicudem que me contô só a mim. Foi a mim e a quem quis ôvir.

De manêras que, nã hôve bicho-careto que nã t'vesse sabido qu' o ti Manel Mansinho andô dia e nôte de calças na mão... Ele até f'cô aí im moda uma quadra já munto antiga qu' o Adelino da Desmoitada, munto gozão, l'e recitô da primêra vez qu' o viu na Vila, em dia de Domingo, a seguir a isso.

Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
A mêo da tarde, ele há magustos p'r toda a banda...


Agora, em vendo o ti Manel, vem-me logo à mimóira essa dita quadra, que nã sê quem é qu' a enventô:


End'rêta-te, Zézinho
sustém-te, ó Micaela
nunca mái se bebe vinho
'té curar esta piela


Mái, uma ocasião, d'zeram isso ô pé da ti Zabel. Punhana!... Dé-l'e um géno tã grande ó tã pequeno, inxovalhô todos q'ontos ali 'tavam duma tal manêra que f'cô tudo caladinho que nem ratos... Nenhum abriu mái pio...

A m'lher, sigundo corre fama, na frente dos ôtros nunca bebe, mái lá na casa dela, sozinha, inda bem não, baldêa umas copadinhas sem ninguém ver. Más isso é lá com ela. Se ser verdade, désna que nã se meta com a vida alhêa, que l'e faça bom prevêto...

Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
Quem tenha munta prática faz um magusto de tod' ô tamanho...


Mái, premode esta conversa, já quái que me desquecia de falar do magusto de Marmelete. Aquilo, 'tá bom de ver, é, todos anos, mái ó menes a méma coisa. E inda bem. Se é um magusto, é um magusto... E um magusto, aqui na nossa zona, é assar castanhas, come-las, bober uns calcesinhos dela, charolar e tisnar a cara dos ôtros...

Agora, e fazem muntíssimo de bem, tamém assam um pórco, põem umas barrecas com bolos e f'lhozes, vendem cerveja im vez de madronho e até usa a lá 'tar o jogo do bicho com um porcalho da índia a escolher qual é o que ganha a garrafa do vinho porto.

Isto p'a nã falar do palco adonde parêcem a tocar e cantar uns qu' ê cá nã nos conheço de banda nenhuma, mái tenho a firme certeza qu' hô-de ser malta do melhor que há. P'r menes, a minha comadre C'stóida, nã sê s' é verdade s' é mintira, des que 'tava a d'zer à prima Jôquinita, a mulher do Tóino Arraúl, que já os tem ôvisto na Rádio Fóia:

Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
À fim dum pôcachinho, olha-se p'a debaxo do fogo e já têm aira de 'tarem assadas...


- Sa senhora, prima. Inda ontontem, 'tava ê cá ôvindo a Rádio Fóia, já nã m' alembra bem é se era a senhora Fátima Peres da Rota do Sol, se era a senhora Idalete Marques do Expresso da Tarde... Ó, atão, saria os Discos Pedidos da senhora Telma Santos?... Olhe, a minha cabeça já nã 'tá capaz... Mái foi na Rádio Fóia quái de certeza. Atã ê cá nã oiço mái nenhuma a nã ser a Rádio Fóia...

- E 'tava lá algum destes a tocar?

- A tocar e a cantar!... Atã, nã tem ôvisto falar qu' aquele àlém é, béque-me, organista-vocalista?!...

- !... Organista-vocalista... E o qu' é qu' é isso?

- Ê cá nã sê... Mái nã tem nada im ser aquele aparelho qu' ele tem àlém... que faz tudo...

- Atã isso, trazê-los aqui, há-de f'car puxado p' à Junta...

- Isso sabe-se!... Ora, puxado... Há-de custar o coiro e o cabelo...

- E vá lá qu' ele desquecé-se trazer aquelas moças que usam a andar ali, quái im pelote, abanar o rabo im cimba do palco. Bem fêta qu' é p' ô estapôr mê Antóino nã vir semp'e p' aqui, fêto parvo, a olhar p'a elas, todo baboso...

- Ó prima Jôquinita, isso nã é só o sê Antóino... Eles sã todos iguales. Atã cuda qu' o mê Jôquim e além o Parente da Refóias nã fazem o mémo?!... Olhe p'ra eles, além im baxo, os três, com o olhos fitos naquelas moças....

- Ah, marafados! E lá vão eles tisná-las!... Dêxa qu' ê, mái logo, logo l'e digo ô meu... Ele que venha cá munto p' ô mê lado, todo meloso, c'm' q'ondo quer certas coisas, que logo vê...

 Magusto de Marmelete - 1 de Novembro de 2010
Mal uma pessoa nã s' aprecata, leva logo uma tisnadela...


Mái, inda com respêto ô magusto de Marmelete, semp'e l'es digo que quem nunca cá vêo nã viu o qu' era bom. É qu' isto nã é um magusto, sã dúizas de magustos. Cada qual faz o seu, querendo. Nã querendo, come das castanhas qu' os ôtros assam. E tudo de graça, nã cudem... As castanhas...

Agora bobida, isso, quem querer molhar o bico, ó traz uma garrafinha de casa c'm' ê cá faço sempre e más os mês amigos, ó, atão, tem que a ir comprar lá às tales barrecas. Mái pode ir à confiança qu' aquilo nã é caro e o material é de pr'mêra.

E, assim sendo, mês belos amigos, pr' ô ano, na façam a falseta. Os que já vieram, venham ôtra vez. Os qu' inda nunca cá parceram, parêçam que nã dã o tempo p'r mal impregue.

Querendem ver videos e retratos do que se passô lá, acalquem aqui na Galeria dos Vídeos do Parente da Refóias ó na Galeria do Magusto de Marmelete.

Os videos tamém 'tão logo aí prebaxinho. É só acalcar im cimba deles.

E passem munto bem.